Se o voto mudasse alguma coisa, eles o tornariam ilegal.
Amanhã, dia 03 de outubro de 2010, haverá eleições gerais no Brasil. A democracia burguesa fez uma grande campanha ideológica nos últimos meses. A justiça eleitoral teve a ousadia de afirmar em propagandas de televisão que ao escolher a opção voto branco, os eleitores estariam “disperdiçando” seu voto. Em nenhum momento a justiça eleitoral explicou o que acontece quando o eleitor digita um número errado. Esse detalhe, porém, é de fundamental importância para os anarquistas.
Todos nós somos obrigados a votar, pelo menos aqueles que pretendem fazer um curso superior ou prestar um concurso público. Para isso, é obrigatório apresentar o comprovante de votação. Logo, votar é obrigatório no Brasil. Temos uma democracia que mais parece um estupro dentro de nossa própria casa. Diariamente, candidatos de todo tipo estiveram enfiados em nossas casas, durante o horário eleitoral na televisão. Tivemos que assistir pessoas tão desagradáveis quanto desonestas formulando suas mentiras e seus discursos messiânicos, cheios de insanidades e despropósitos.
Engolimos até mesmo as piadas de mau gosto, as frases feitas, as causas oportunistas o preconceito mal disfarçado, entre tantas situações repulsivas. Tivemos que ouvir o palhaço Tiririca, a mulhere-pera, com seu bundão, o Maluf, do “rouba mas faz”, o lutador Maguila, os irmãos dublês de cantores Kiko e Leandro, o pseudo-humorista Moacir Franco, o costureiro e fofoqueiro Ronaldo Esper, a dupla de bons-moços Serra e Geraldo, que meteram o pau nos professores, os aprendizes do Dr. Enéas, o benfeitor Romeu Tuma, a irmã Marina Silva, a eloquente candidata do presidente Lula, a Sra. Dilma, o fazendeiro-grande latifundiário Quércia, a Tichiolina brasileira, Cameron Brasil, o pagodeiro Netinho. No Rio de Janeiro, até o ex-Big Brother Brasil Jean Willys era candidato.
Fora esses mais famosos, tivemos que aguentar o discurso moralista dos partidos religiosos, principalmente o PSB e o PSC. Entretanto, o moralismo esteve mais do nunca presente no discurso de todos os partidos. O Gabriel Chalita, ex-Secretário de Educação de São Paulo, podia ser eleito o representante
dessa ordem religiosa. Enfim, a campanha política foi um verdadeiro carnaval de horrores. O tema musical desse espetáculo bem podia ser “The Black Parade”, do My Chemical Romance
Amanhã será o grande golpe, o desfecho final: a votação na máquina da democracia – a urna eletrônica brasileira. Para Élisée Reclus, a política representativa burguesa significa a própria morte. Então, ao me deparar amanhã com a urna de votação, estarei à beira do precipício. Os brasileiros estarão morrendo mais um pouco, e isso é uma terrível constatação. A única coisa que tenho certeza é que digitar um número errado, por exemplo 00, e confirmar o voto nulo é algo como tomar a pílula vermelha do Matrix. Depois de fazer isso pela primeira vez, o precipício torna-se uma realidade que não pode ser apagada.
Portanto, amanhã, VOTE NULO! VOTE CONTRA O SISTEMA! SUBVERTA, SINTA-SE HUMANO! ANARQUIA É A ÚNICA POLÍTICA!